segunda-feira, 2 de julho de 2012

Até Quando?

Planta-Cadáver
Há alguns dias estava lendo uma reportagem em uma revista de circulação nacional, a reportagem era sobre plantas. E, uma das plantas me chamou a atenção, por causa de seu nome, Planta–cadáver (Amorphophallus titanum). Fiquei intrigada, pois pela foto a planta parece bonita e coleciona um título interessante no mundo vegetal: a maior flor do mundo, com 3 metros de altura e 1,2 metros de diâmetro. Mais adiante na reportagem, explicava que ela tem este nome por causa de sua estratégia reprodutiva, pois a mesma lança um odor desagradável (ao olfato humano) que atrai muitos insetos.
Fiquei pensando em como nós desprezamos aquilo que não nos é agradável, mas que pode agradar a outros. Nós classificamos o que é bom e o que é ruim conforme nos interessa e a nosso benefício próprio. Muitas vezes, sem nem mesmo considerar se é benéfico para os outros seres vivos.
Ornitorrinco
Ainda pensando sobre o assunto, lembrei-me daquele animal, o ornitorrinco, o qual parece uma "mistura de mamífero com ave". Com o seu característico bico de pato, corpo de toupeira, patas com membranas natatórias e cauda de castor. Assim, o ornitorrinco parece uma mistura de muitas criaturas diferentes. Na própria classificação da Biologia são dito animais primitivos. São feios aos nossos olhos, já vi até matérias em programas televisivos sobre esses "estranhos animais".
Será mesmo que eles são feios? Por que nós dizemos que aquela planta ou esse animal não são bonitos, cheirosos, carinhosos, agradáveis? As plantas e os animais não ficam nos observando e nos julgando em bonitos ou feios, cheiros ou desagradáveis aos sentidos deles. Então, por que deveríamos fazer isso com eles?
Pensando mais um pouco mais sobre o assunto, eu me lembrei do poema "O bicho", de Manuel Bandeira, o qual escreveu assim:

"Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem."

Aquela pessoa que está nas ruas, catando comida no lixo, pode não ter tido oportunidades na vida ou ser doente. Ou ainda, pode ter tido uma vida boa, mas em algum momento perdeu o rumo e não teve ninguém que o ajudasse a voltar para o bom caminho. Temos o direito de julgá-la? A resposta á não.
Pois, como está escrito em Mateus 7.1-2 "Não julguem os outros para vocês não serem julgados por Deus. Porque Deus julgará vocês do mesmo modo que vocês julgarem os outros e usará com vocês a mesma medida que vocês usarem para medir os outros."
Quantas vezes desprezamos, menosprezamos, desrespeitamos, julgamos e falamos mal de plantas, animais e até de seres humanos? Por muitas vezes, achamos que nós somos melhores, mais merecedores do que os outros. Por que agimos assim? Será que a nossa natureza pecadora não nos deixa enxergar a engenhosidade da estratégia reprodutiva de uma planta-cadáver, o interessante modo de vida de um ornitorrinco ou mesmo ajudar o seu próximo que está sofrendo nas ruas?
Em vez disso, dizemos que a planta é cheira mal, que o animal é feio e fingimos não ver o nosso próximo que necessita de ajuda. Até quando iremos agir assim?
Há muito que fazer para que tenhamos um mundo melhor e mais justo. A mudança deve começar dentro de cada um. E, um jeito de começar essa mudança é reciclando as suas ideias. Pense sobre o que e você faz quando vê alguém que precisa de ajuda, seja no seu trabalho, na rua, na igreja ou na sua família. Pense se você ajuda a cuidar da nossa grande casa – a Terra – e dos seres vivos que a habitam. Pense se você tem o direito de julgar as pessoas e os outros seres vivos.
Pense nisso...

Thaís Suelen Israel Ferreira

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