quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Sem Proibições

Assumindo "a liberdade para a qual Cristo nos libertou", tudo é nosso ( 1 Co 3.22). Tudo está à nossa disposição. Nada nos mete medo. Não há proibições para nós.
Acontece, todavia, que existe mais receio dessa liberdade do que alegria de vivê-la. Quem a experimenta de fato? A maioria, também entre os evangélicos luteranos e as evangélicas luteranas, prefere "se submeter de novo ao jugo da escravidão: (Gl 5.1). Gosta de penas "debaixo dos elementos do mundo"(4.3), tais como temores e ilusões, moda e opinião comum idéias fixas e superstições.
Tudo é nosso: fumo, bebida alcoólica, dança, baralho, loteria, opção sexual. Na medida em que vivemos "a liberdade para a qual Cristo nos libertou", mandamos embora regras e tutores. Sabemos que tudo é nosso - mas atenção: nós somos de Cristo (1 Co 3:23). Quer dizer: temos liberdade de usar tudo, porém fazemos escolhas e não nos tornamos dependentes. Aprendemos com cristãos e não-cristãos, mas selecionando com critério, pois somos de Cristo.
Quando ficamos dependentes de algo ou de alguém, voltamos "de novo ao jugo da escravidão". Se formos incapazes de parar de beber, fumar, jogar devorar pratos preferidos, por exemplo, a nossa dependência é patente. Poder abrir mão de qualquer dos hábitos mencionados é a "prova dos nove". Se o conseguimos, somos livres. Do contrário, somos escravos. Se não conseguimos articular e viver a fé sem tutelamento de terceiros, viramos as suas criaturas e deixamos de ser criaturas de Deus.
Seríamos superficiais se detectássemos apenas uma eventual dependência nossa de certas pessoas ou dos chamados "vícios". Descobrimos dependências mais perigosas do que fumar ou apostar em jogos de azar, por serem encobertas e aparentemente não prejudicarem a saúde e o convívio familiar. É o caso da dependência da posição social, da família, da nossa cabeça dura, daquilo que se decorou, dos preconceitos raciais, morais, políticos. Destas dependências pouca gente se lembra. Não obstante, elas são arrasadoras para a vida e o relacionamento das pessoas.
Está claro, pois, que dificilmente há pessoa que não revele "vício" ou dependência. Vejamos quem está na pior: quem não pode viver sem cigarro ou quem sempre teima em ter razão? Um fumante inveterado ainda se agüenta. Mas quem nunca admite falha é chato demais. E como saímos disso?

Albérico Baeske é pastor da IECLB e professor na Escola Superior de Teologia.
Síntese feita do texto elaborado pelo autor que se encontra no "Polígrafo sobre Movimentos Religiosos"

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